Em 2022, dois baianos ilustres completarão 80 anos: Gilberto Gil e Caetano Veloso. Outros três baianos - Armandinho Macêdo, Yacoce Simões e Marco Lobo -, decidiram celebrar a obra dos compositores no álbum instrumental RETOCANDO GIL E CAETANO. O projeto ganha as plataformas de música como álbum digital hoje, dia 5; a performance dos três poderá ser assistida em vídeo no canal da Biscoito Fino no YouTube, a partir de 9 de outubro. A matriz do encontro foi produzida na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, em Salvador, e o repertório do projeto inclui canções como Os Mais Doces Bárbaros (Caetano), Palco (Gil), Menino Deus (Caetano), A Paz (Gil/João Donato), Sampa (Caetano), Toda Menina Baiana (Gil), A Luz de Tieta (Caetano), Tropicália (Caetano), Eu Vim da Bahia (Gil), a Marcha da Tietagem (Gil) e Armandinho, canção feita por Caetano em homenagem ao músico.
Com seu talento e estilo únicos, tanto no grupo A Cor do Som quanto em seu Trio Elétrico, Armandinho Macêdo levou a guitarra baiana e o choro – nos solos de bandolim que são a sua marca registrada -, para a música pop planetária. E Caetano Veloso teve tudo a ver com isso, como conta Armandinho. “A aparição de Caetano no Festival da Record de 1967 foi um marco na minha vida e na história da música brasileira. Eu era um beatlemaniaco, naquela onda de guitarra que rolava na época, mas quando o Caetano se apresentou com Alegria, Alegria eu vi a energia sonora que fazia a minha cabeça. Se abriu ali uma porta, com várias tendências da MPB. Era a minha onda. Já fui transformando o cavaquinho de Osmar e Dodô numa guitarra e botei o nome de guitarra baiana. Me senti muito honrado e orgulhoso, não nego, quando escutei numa rádio do Rio de janeiro a música Armandinho, que Caetano fez pra mim, uma homenagem consagradora que agora gravamos nesse projeto instrumental de releituras”. Com tantas canções marcantes, como foi chegar ao repertório final de RETOCANDO GIL E CAETANO? O pianista, multi-instrumentista, produtor, compositor e maestro Yacoce Simões conta um pouco sobre o processo: “Levamos em consideração as relações afetivas e emocionais que nós três temos com cada uma delas. Criamos listas individuais e ao compará-las, cerca de dois terços do repertório já estava selecionado. Adotamos uma perspectiva que preserva a melodia das canções, mesmo em formato instrumental. Nesse projeto, a voz das canções é substituída pelo bandolim, a guitarra baiana, o piano e a percussão, que trazem novos arranjos e sonoridades a essas pérolas que Gil e Caetano, nossos mestres e conterrâneos, presentearam a humanidade”.
Percussionista, compositor, pesquisador de sons e ritmos e criador de instrumentos, Marco Lobo completa o trio de baianos desse tributo, que em breve sairá em turnê. “Gilberto Gil é parte importante da minha formação musical. A sua forma especial de tocar o violão sempre me encantou. Com suas letras e músicas atemporais, Gil consegue transitar com propriedade por diversos estilos musicais, como rock, funk, reggae, música africana e ritmos tipicamente brasileiros”, pontua Marco, que tocou com Gil. “Foi tocando na turnê ‘Gil & Milton’ que pude sentir a sua energia contagiante no palco e sua generosidade com os músicos. Ele vem influenciando gerações e inspirando novos músicos com a genialidade de sua obra. Viva Gilberto Passos Gil Moreira!”, finaliza.