Roberto Burle Marx (1909-1994) ficou conhecido pelos jardins que projetou mundo afora, mas sua arte não se restringiu aos canteiros de plantas. Foi também pintor, escultor, exímio chef de cozinha e cantor de ópera, autor de painéis de azulejos, tapeçarias, arranjos florais e um incrível designer de joias. Multiartista incansável, ele trabalhava muito e dormia pouco.
Roberto começou a desenhar joias em 1948. Caprichava nos traços feitos com giz colorido sobre cartão preto, assinando e numerando cada um deles. Criava e seu irmão Haroldo Burle Marx, gemólogo, executava as peças. De Roberto sempre se esperou ousadia e ele não decepcionou ao fugir dos modelos de joias tradicionais e enveredar pelo design de formas abstratas e assimétricas.
Como nos jardins que projetava, sua joia trabalhava proporções, com alto e baixo relevo. Explorava o jogo de cores, que podia acontecer com o uso de diferentes pedras ou de texturas no ouro. Também lançou um novo tipo de lapidação, que abolia a perfeição geométrica das facetas e explorava volumes arredondados, como se fossem morros no horizonte. A natureza sempre foi sua maior fonte de inspiração.
A coleção Roberto Burle Marx por H.Stern presta uma homenagem a esse artista e também sela uma relação de longa data entre duas famílias. Os Stern vieram para o Brasil em 1939 e foram acolhidos na casa da família Burle Marx, no Leme, Rio. A ligação entre as duas famílias levou a H.Stern a adquirir, em 2006, o direito sobre as criações de Roberto Burle Marx para joias, que são agora reinterpretadas pelos designers da joalheria.