Degustar um vinho é degustar uma história. Não só a história dos homens que trabalharam na vinha, que dedicaram seu esforço na vinificação e a sua paciência no envelhecimento de uma garrafa, mas também a história daqueles que primeiro naquela terra plantaram uma vinha e a história da terra em si, que estava lá antes que qualquer amador de vinho surgisse.
Um dos vinhos brancos mais nobres de toda Europa, o Corton-Charlemagne, é exemplo vivo disso. Apenas 300 mil garrafas são produzidas por ano, o que faz do Corton-Charlemagne um vinho muito mais raro do que o prestigiado champagne Dom Pérignon, por exemplo. O escritor britânico Tom Stevenson descreveu o estilo desse vinho como “o mais suntuoso de todos os brancos de Borgonha”.
Mas quão antiga é a história desse vinho? O Corton-Charlemagne é produzido próximo à colina de Corton, na França. O território dessa colina pertenceu ao Imperador dos Francos, Carlos Magno (daí vem o nome Charlemagne), há mais de 1200 anos atrás. E nessa época já havia vinhas na colina de Corton!
A lenda diz que o Imperador ordenou que vinhas fossem plantadas em um lado da colina onde a neve derretia antes no inverno. A ordem foi seguida, plantaram uvas para vinho tinto. Porém Lutgarda, mulher de Carlos Magno, começou a ficar incomodada com as gotas de vinho tinto que manchavam a barba branca do marido e, pelas barbas do Imperador, ordenou que as vinhas fossem arrancadas e que fossem plantadas apenas uvas brancas!
Ainda que seja uma história difícil de ser comprovada, sabemos que a colina de fato pertenceu a Carlos Magno, e sabemos também que Corton-Charlemagne é um dos melhores vinhos brancos do mundo. De grande opulência, com um aroma complexo aliando maçã, mel, flores e um elegante tom amanteigado, podemos dizer que é um vinho digno da majestade imperial (e de sua barba).
Não é um vinho fácil de encontrar por aí, mas graças à maravilha moderna da internet, a maravilha da colina de Corton pode vir até você. O site Mistral (http://www.mistral.com.br/loja/produto/Corton-Charlemagne-Grand-Cru-2004-Louis-Jadot-/15667) vende a safra 2004 do produtor Louis Jadot, uma grande e excelente casa de vinhos da Borgonha. A safra já tem 10 anos, o que é um bom tempo de maturação para um Corton-Charlemagne. Altamente recomendado para grandes amadores de vinho, para imperadores e para senhores de barba branca.
Eduardo Queiroz Peres, cientista de dados e de vinho