Entrevista com Paulo Thiago

Paulo Thiago

Entrevista com Paulo Thiago

 

O nome do filme é “Orquestra dos meninos” Escrito pelo Cineasta Paulo Thiago, o filme “Orquestra dos meninos” conta a história do músico Mozart Vieira e dos meninos que vivem no sertão de Pernambuco e aprendem música e formam uma orquestra com Mozart. Além da bela história de música e aprendizado, o filme também conta histórias tristes e de perseguição, como por exemplo, o a perseguição que Mozart sofreu por parte dos oligarcas pernambucanos que o perseguiram e o acusaram de ser líder de uma seita religiosa. O filme é uma bela história de luta e superação do povo brasileiro, uma lição de como se pode viver melhor através de incentivo a cultura e a música. Atores como Priscila Fantin, Murilo Rosa, Othon Bastos e a baiana Rita Assemany participaram desse filme que é a nova promessa do Cinema Brasileiro.

Michelle Marie- Quando e como surgiu a idéia de você fazer o projeto desse filme? Paulo Thiago- Eu conheci essa história no ano de 1995 através de uma matéria do Jornalista Mathew Shurt, cujo título dizia:“Orquestra do Agreste testa o País”, depois ele fez uma segunda matéria aonde contava a história do maestro Mozart Vieira, relatando a criação de uma orquestra com meninos do agreste pernambucano. Esta orquestra era de instrumentos de sopro e em grande maioria, os meninos vinham de bairros periféricos e zonas rurais. Esse trabalho acabou crescendo e tomando grandes proporções. Quando esse processo estava no auge, começou a surgir um movimento dos oligarcas da região contra ele, queriam na verdade apoio político e Mozart não deu, então começaram a achar que ele fazia parte de um movimento de oposição. O resultado disso, é que os oligarcas seqüestraram um dos meninos da orquestra, espancaram e o abandonaram em um lixão. O Mozart vieira ao saber disso foi à polícia denunciar, já que a imprensa não mais o apoiava, e quando isso aconteceu à polícia veio a publico acusando o músico de chefiar uma seita e o acusaram de pedofilia. Fizeram enumeras acusações falsas aonde tudo foi forjado por um delegado de polícia, mas quando as crianças do projeto foram ouvidas ficou comprovado que tudo não passava de um grande engano. Artistas como Gilberto Gil, Ivan Lins Tom Zé apoiaram o maestro e hoje ele se reergueu e continua com o seu belo projeto com mais de 200 crianças. Nisso eu vi uma grande história, um homem que faz um belo trabalho, é acusado, dá a volta por cima. E meu filme vai à contra mão de tudo que o cinema brasileiro apresenta hoje, pois é comum ver nas telas do cinema, um Brasil sem solução. Eu procuro mostrar uma realidade diferente, é um filme fundamentalmente ligado a música, tem os meninos que tocam a música, a tragédia, mas também tem a possibilidade de mudar.

M.M.- Por falar nos meninos a maioria deles era de ONGs de Sergipe e depois do filme tiveram sua vida modificada para melhor, como você se sente?  P. T.- Fico muito feliz, pois o trabalho dos meninos reproduz o trabalho do maestro, já que são atores que foram preparados para serem músicos no filme. Eu considero um trabalho espetacular. Eu trouxe para o meu elenco também, atores de nível nacional como Murilo Rosa, Priscila Fantin e Othon Bastos, que inclusive é baiano e outros atores do eixo Rio - São Paulo. Eles se integraram realmente no trabalho, aprenderam a tocar instrumentos e mergulharam na história dos meninos. Esse filme pra mim é um orgulho e eu fico muito feliz de poder lançá-lo aqui.

M.M- A história de Mozart aconteceu em Pernambuco. Porque essa decisão de gravar o filme em Sergipe?  P.T. - Era impossível filmar em Pernambuco até porque lá, estão vários perseguidores do trabalho de Mozart. Isso com certeza causaria problemas, do tipo conseguir gravar nas locações que eu queria e também acomodar os atores lá na cidade. Além disso, eu já pensava em filmar em outros estados brasileiros. Visitando Sergipe eu acabei conhecendo São Mariano e adorei as locações e resolvi rodar o filme lá.

M. M.- Como o Murilo Rosa foi escolhido para participar do filme?  P. T. - Eu já conhecia o trabalho do Murilo de Teatro e tinha visto na TV algumas minisséries, e logo de cara vi como ele mergulhava nos papéis que desempenhava. Imaginei logo que ele seria perfeito para o meu filme, sabia que qualquer papel que lhe fosse dado seria bem interpretado, sabia que ele iria se empenhar ao máximo pra fazer da melhor forma possível. É o primeiro filme dele no cinema, apesar dele já ser muito conhecido na t, é novo no cinema. Mas quem for assisti-lo vai ver como ele se saiu bem no cinema. O Murilo é muito talentoso e esforçado.

M.M - Como você espera que o filme se repercuta em todo o Brasil? P.T - O filme está sendo lançado em todas as capitais, Rio, São Paulo, Salvador, Sergipe, Recife, Fortaleza... O meu filme tem uma História forte e muito bonita. É um filme que reflete redenção e mudança através da arte. Como se pode viver melhor através da cultura. Além disso, é um filme emocionante que tem tudo pra dar certo, é um filme muito competitivo. E promete ser uma das revelações do cinema brasileiro.

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Michelle Marie