Ronaldo Fraga esteve em Salvador para apresentar a sua coleção infantil Ronaldo Fraga para filhotes, à venda na Pat Presentes. Durante o coquetel na loja, o estilista mineiro revelou como começou a criar para os pequenos e a importância das crianças terem sua própria identidade, com roupas feitas para preservar a memória afetiva da infância.
PM – Como surgiu a idéia de trabalhar com o universo infantil? RONALDO FRAGA – Na época que nasceu o meu primeiro filho, hoje com 6 anos. Assim que resolvi providenciar o enxoval do bebê percebi que as roupas eram todas iguais, bobinhas. Como era um intervalo entre coleções, resolvemos confeccionar o enxoval dentro da própria fábrica. Os amigos gostaram da idéia e também fizeram suas encomendas. Logo abrimos um espaço infantil na loja em Belo Horizonte. Há duas estações trabalhamos com representantes, hoje temos sessenta pontos-de-vendas no país.
PM – As suas coleções sempre têm uma história para contar. Acontece o mesmo com a linha Ronaldo Fraga para filhotes? RF – Sem dúvida. O infantil é dividido em várias gerações, por isso separamos a coleção em várias historinhas como as Roupas para lembrar, que são os clássicos, como a primeira estampa de bolacha Maria, que dei um nome tipicamente brasileiro. Tem ainda as Roupas de bailar, Roupas de colorir e as Roupas para divertir. A intenção foi criar uma roupa que fale para a memória afetiva das crianças, que no futuro elas lembrem da peça como uma moldura de alguma coisa que viveram no passado.
PM – A coleção de Verão apresentada no SPFW foi inspirada em Nara Leão. A mesma temática foi usada para a linha de crianças. É sempre assim? RF – Eu coloco o tema da coleção principal em um grupo da coleção infantil que traga o espírito da pesquisa maior. Não é difícil pesquisar para o adulto e transferir para o infantil, até porque o meu estilo é o mesmo. Eu adoro estampas, sempre coloco a cultura brasileira no universo da criação. Apesar da referência, cada vez mais o infantil está caminhando independente.
PM – Lidar com moda hoje no Brasil é gratificante? RF – Sem dúvida. Há dez anos atrás começou a ser instaurado no Brasil uma cultura de moda, as pessoas começaram entender o fenômeno além da roupa. Fazer parte deste período histórico é gratificante. Temos muitas barreiras, mas o que interessa é que sou brasileiro, vivo em um país que tem gosto pela moda.
PM – Você passou anos se especializando no exterior. Não tem planos para traçar uma carreira fora do país? RF – Eu desfilei a coleção da Nara Leão em Tóquio, onde participamos de uma rodada de negócios para apresentar o produto ao mercado japonês. A partir da próxima coleção infantil estaremos distribuindo no Japão.
PM – As crianças que vestem as suas criações podem ser consideradas modernas? RF –A minha roupa veste criança como criança, sem criar um perfil erótico, hábito comum hoje na infância. Meninas de 2 anos colocam salto alto, maquiagem e tomara-que-caia. Mas essa consciência vai depender dos pais e não dos filhos. Os pais têm o papel de passar um universo de estímulos para as crianças. A formação de um adulto criativo vem dessa primeira infância que vai até os 7 anos.
Por: Paula Magalhães