Casa Vogue de fevereiro mostra o deslumbrante palácio em que vive o estilista Alessandro Michele, na Itália. Nome forte no mundo da moda, ele coleciona trabalhos para as mais importantes maisons, incluindo Yves Saint Laurent, Gianni Versace, Christian Lacroix, Chanel e, entre 2015 e 2022, foi diretor criativo da Gucci. Grande parte do seu sucesso no universo fashion está relacionado ao interesse por histórias não contatadas, incursões ao passado de objetos, monumentos e pessoas antigas.
Alessandro revela à revista que procura um lar em cada cidade que visita. Ele tem um carinho especial por belezas desbotadas, lugares degradados repletos de história e grandezas perdidas – fato que o fez embarcar na empreitada quixotesca de renovar um dos edifícios mais icônicos e misteriosos de Roma: o Palazzo Scapucci, que reúne 800 anos de história.
Uma das muitas coisas incríveis que aconteceram na obra que se seguiu foi a descoberta da cobertura original sob o teto suspenso. Estava repleta de gravuras, afrescos, aquelas insígnias papais, flores-de-lis dos reis da França e um escudo com o símbolo da família Della Rovere. Alessandro passou horas nos andaimes. “Fiquei amigo de cada centímetro daquele teto, embora provavelmente também tenha causado um colapso nervoso na equipe de restauração.”
Na sala de jantar, há uma mesa repleta de canetas e livros, incluindo uma espessa antologia da falecida poeta e musicóloga Amelia Rosselli. No quarto, uma bela moldura de porta veneziana foi retrabalhada e transformada em cabeceira.
A cozinha luminosa, coração de qualquer casa italiana, é inundada pela luz do meio-dia de Roma, iluminando a bela coleção de azulejos holandeses de Delft e antigos armários de madeira e vidro. Subindo um lance de degraus de mármore fica um estúdio de trabalho e biblioteca: “O cômodo mais bonito da casa”, de acordo com o estilista.
Quando visitou o palácio pela primeira vez, era um lugar escuro e sem lógica, com tetos baixos de isopor e nada atraente. “Estava cheio de salas abarrotadas que se abriam para salas mais abarrotadas e pequenas janelas, mas eu continuava voltando e observando da calçada. Quando me apaixono, não cortejo as casas, eu as vigio.” Ele, então, conheceu os proprietários, três personagens romanos perfeitamente bizarros: um tio, um sobrinho e um contador que usava o imóvel como escritório e uma espécie de refúgio para amigos. “Já tinha esse carma de pertencer a várias pessoas. Era um lugar para a vida comunitária”, diz. “Sou médico de casas feridas e dilapidadas. Compro lugares que acho que podem precisar de mim, que foram desfigurados ou abandonados”, explica.
Confira o conteúdo completo na Casa Vogue de fevereiro, disponível em versão digital e nas melhores bancas do país.